segunda-feira, 28 de setembro de 2009

SEM PLUMAS



O post de hoje é de humor: humor bem sui-generis, é verdade. Extraí do livro Sem Plumas, de Woody Allen os trechos do capítulo Examinando Fenômenos Psíquicos. O tom predominante é o non-sense, como também percebi lendo Cuca Fundida e assistindo o filme Zelig, de 1983.

Eu racho o bico!

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Separação da Alma


O Sr. Albert Sykes narra a seguinte experiência:

'Eu estava comendo biscoitos com alguns amigos quando percebi que minha alma saiu de meu corpo e foi dar um telefonema. Por alguma razão a chamada era para uma companhia de fibras de vidro. Minha alma então retornou ao corpo e ficou quieta por uns vinte minutos, esperando que ninguém fizesse perguntas indiscretas.
(...)
Este fenômeno me aconteceu várias vezes desde então. Certa vez, minha alma foi a Miami passar um fim de semana. De outra feita, chegou a ser presa quando foi apanhada roubando uma gravata no Macy’s. Na quarta vez, foi o meu corpo que abandonou minha alma, embora tenha se limitado a ir a um salão de massagem e voltar correndo.'
(...)
O fenômeno é parecido com o da transubstanciação, um processo pelo qual uma pessoa subitamente se desmaterializa e se rematerializa em outra parte do mundo. Não é das piores maneiras de viajar, embora se tenha de esperar cerca de meia hora pela bagagem. O caso mais impressionante de transubstanciação foi o de Sir Arthur Nurney, que desapareceu enquanto tomava banho e apareceu repentinamente no naipe de cordas da Orquestra Sinfônica de Viena. Permaneceu durante 27 anos como primeiro-violino da orquestra, embora soubesse tocar apenas Eu Fui no Itororó, e desapareceu certo dia durante uma tocata de Mozart, reaparecendo na cama ao lado de Winston Churchill.

(SEM PLUMAS, pg. 16-17)

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